Semana 41 de 2022
- DEI nas revisões do SIGCSE
- Desde a publicação dos resultados das revisões do SIGCSE 2022 (semana passada), está acontecendo uma discussão importante sobre problemas de discriminação nas revisões recebidas. No caso, o trabalho sob revisão era um painel, cuja submissão não é anônima (modelo single blind). O SIGCSE é uma comunidade que aprende e se dispõe a melhor, já estamos trabalhando nisso.
- Gostaria que no Brasil também acontecesse um movimento similar. Neste ano tive uma experiência desagradável ao revisar artigo para um evento da SBC. Também não foi uma revisão às cegas: conhecíamos tanto os autores quanto os revisores. Infelizmente alguns revisores consideraram essa informação para a revisão. Isso abre espaço para julgar o trabalho pelos autores (o que de fato aconteceu) e julgar o trabalho dos demais revisores com um dose de assédio. As pessoas aparentemente esqueceram o que é um “weak reject” (bem diferente de um “strong reject”) e de ler os comentários de revisão.
- Um outro problema que mencionei brevemente foi o aspecto de 'inclusão'. Basicamente, um argumento de um revisor foi a necessidade de ser inclusivo. Entenderia o argumento se os autores possem estudantes, pesquisadores novatos, minorias. No entanto, não era este o caso (ao contrário de outros artigos submetidos para o evento). Ser “inclusivo” a privilegiados poderia impossibilitar a inclusão de trabalhos de grupos e temas menos representativos na comunidade.
- Por um momento, essa péssima experiência me fez repensar sobre aceitar revisar trabalhos no evento em questão. No entanto, a omissão pode ser pior. A discussão no SIGCSE ajudou-me a enxergar isso. Caso eu seja convidado novamente para revisar na próxima edição, aceitarei.
- Enquanto isso, continuamos aprendendo e evoluindo. Uma frase da Nicki Washington, de um email do dia 11/10, resume bem isso, ao descrever o programa 3C Fellows da Universidade de Duke: “This program was created because we all needed to (un)learn things we were taught as computing graduates that were rooted in white supremacy, transphobia, homophobia, elitism, misogyny/misogynoir, and more.”